sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Estrela e Raiz

Este poema foi escrito em homenagem ao meu pai, Elmo, que hoje dia 23 estaria fazendo aniversário.



Estrela e Raiz



Levei a vida como pude;


a vida me levou como quis.


Hoje, atingi a plenitude:


sou pó estrela fruto e raiz.



Flutuo neste espaço suave


a brincar de eternidade;


meu pé é a asa de uma ave


a romper toda gravidade.



Com quem me guarda na memória


saudoso, crio convivência.


Minha vida está na história


onde o amor fez-se em sua essência.



Heleno Álvares


25/06/08

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"O Rei do Mexido"

Fragmentos Poéticos e Capa do "Desordem Contemporânea"








Aviso aos Blogautas

Atenção!
Caro(a)s Blogautas desta querida Via-Lactea virtual-eletrônica: hoje entram em ação "Poesia e O Escambau" e Barack Obama! Por isso, pergunto: quem você considera que tem maior poder: a Poesia ou a Política? Por quê?
Abração!
Heleno Álvares

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Labirinto Literário e capa de O Escambau







Revista Agulha - Revista de Cultura

O Tom da Saudade Jobiniana

O Tom da Saudade Jobiniana

Por Heleno Álvares



Hoje, 25 de janeiro, estaria aniversariando o grande maestro e compositor Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o Tom da nossa música verdadeiramente brasileira e de altíssima qualidade. Tanto na parte melódica, quanto no que se refere à elaboração de seus versos, esbanjando, assim, uma maravilhosa poesia através de sua música.

Através do amigo Lúcio Rangel, nasceu a dupla que tanto divulgou o Brasil com suas indiscutíveis parcerias: Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Tom Jobim conta que estava no bar Vilarinho, onde trabalhava como pianista, quando Vinícius chegou, após sair do Itamarati. Em uma dessas noites Lúcio Rangel perguntou ao poeta: “Você não estava procurando um cara pra fazer a música de Orfeu da Conceição? Pois já achou”, disse ao se referir a Jobim.

Sempre de muito bom humor (uma de suas grandes características), Tom Jobim tem casos muito engraçados. Certa vez, numa mesa de bar, ao ser apresentado a uma senhora, disse:

- Meu nome é Antônio Carlos Jocafi. Mas pode me chamar de Tom Zé.

Era um tremendo gozador!

Outro caso onde se mistura humor e constrangimento: Ao ver o poeta Carlos Drummond de Andrade andando na calçada, em Copacabana, o já famoso maestro Antônio Carlos Jobim não teve dúvidas e, espantado, exclamou: “Carlos Drummond!” E o poeta sempre muito tímido, respondeu: “Sim. Maestro Antônio Carlos Jobim!” Neste instante, Tom Jobim se ajoelhou e beijou os pés de Carlos Drummond de Andrade que, absolutamente surpreso, reagiu: “maestro, maestro, por favor, que é isso maestro?!” Este caso mostra a espontaneidade de Jobim.

Em outra ocasião, perguntado sobre o crítico e compositor Nélson Motta, respondeu prontamente: “É o José Ramos Tinhorão do rock.”
E lembrando a velha discussão entre “letras” e poemas, pode-se dizer que Tom Jobim é autor de um dos mais belos poemas brasileiros, que é “Águas de Março”. E, se repararem, perceberão a nítida influência de Carlos Drummond, através de seu poema “José”. A cadência rítmica que o compositor mostra em sua letra/poema evidencia a citada influência. Como exemplo, podemos observar as seguintes estrofes: “É João, é José/ é um espinho na mão/ é um corte no pé/é pau, é pedra/é o fim do caminho/é um resto de toco/é um pouco sozinho/é um passo, é uma ponte/é um sapo, é uma rã/é um belo horizonte/é uma febre terçã/são as águas de março/fechando o verão/é a promessa de vida/no teu coração” (Tom Jobim) e “E agora, José?/a festa acabou/a luz apagou/o povo sumiu/a noite esfriou/e agora, José?/e agora, você?(...)/está sem mulher/está sem discurso/está sem carinho/já não pode beber/já não pode fumar/cuspir já não pode/a noite esfriou/o dia não veio/o bonde não veio/o riso não veio/não veio a utopia/e tudo acabou/e tudo fugiu/e tudo mofou/e agora, José?” (Carlos Drummond de Andrade).

É interessante notar que, além do parentesco rítmico em relação ao poema “José”, há também alusões que nos remetem a outro maravilhoso poema Drummondiano que é “No Meio Do Caminho” quando Tom diz “é pau, é pedra/é o fim do caminho” criando uma paráfrase sobre os versos do poeta que diz “tinha uma pedra/no meio do caminho”.

Muitos anos depois Tom telefonou para Carlos Drummond pedindo-lhe que indicasse algum dicionário de rimas. Drummond respondeu: “mas, quem já escreveu Águas de Março não precisa de nenhum dicionário de rimas.”

Tentando dentro dos meus limites, publiquei em meu primeiro livro (“Desordem Contemporânea”) uma singela homenagem a este gênio da música e da cultura brasileiras.

Música

Para Tom Jobim

É a harmonia
poética
é o ritmo
cardíaco
é a artéria-mestra
dissonante
pleno sentimento
uníssono

a Música
é a estética
atônica
é o Tom da saudade
de uma nota só
é o desa-finado coração
NA ESTRADA
o andamento SOL-
Ita-RIO
é o acorde brevíssimo
de toda uma escala
que cala
na pausa
de um contratempo

Heleno Álvares